domingo, 31 de outubro de 2010

"Fantasia cultural e artística..."

"E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão..."
(Chico Buarque de Holanda)

     Fantasia é algo para o qual as pessoas se projetam numa tentativa de refrigério, de fuga da "enclausurante" rotina, como as celebrações carnavalescas medievais, nas quais esquecia-se a posição nobre para desfrute(da libido!). Para isso são utilizados vários meios no prosseguimento da imaginação humana, seja através da História, das artes, da cultura, da mesma forma em que há as diversas maneiras de se viver em fantasia.
     Ora, por mais que estejam no campo político e social democrático, as eleições modernas brasileiras estão repletas dessa característica fantasiosa artística. Vivemos um certo querer de mudança da realidade na qual estamos inseridos, e o sistema político do Brasil nos convida pelo inverso a essa mudança: uma alienação pela qual entende-se a realidade como favorável para cada eleitor do candidato "Tal". Utiliza-se o discurso(na política) sério para enganar o cidadão quanto à sua posição social, cultural e educativa, não o faz pensar: demagogia.
     A arte politicamente social construtiva do indivíduo não causa impacto positivo proporcional ao seu valor, é encarada como mera brincadeira e passageira, como simples fantasia, fuga da realidade. No entanto, se prestarmos um pouco mais de atenção às letras devidamente "suadas", poderíamos recolocar os papeis destinados a cada seguimento da sociedade, e a "fantasia do violão", de Chico, não se resumiria a meros acordes.
       Bom, hoje é o dia do 2º turno das eleições à presidência da República, e as pessoas "brigam" pelos seus candidatos, como se houvesse algum diferente em alto grau de transformação social.
Como diz um colega de sala nas discussões em Ciências Sociais, "acredito mais na arte que na política".

Ramiro Teixeira.

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