sábado, 29 de outubro de 2011

"No campus estudantil..."

         "Mas que trocadilho infame", como costuma cantar Belchior.
      Suspeitas de fraudes na prova do ENEM (mais uma vez) e ação dos estudantes na USP. Como para todos os assuntos sobre os quais se estendem maiores discussões acaloradas, sobretudo quando delas participam uma considerável quantidade e diversidade de sujeitos com suas expressões e opiniões, talvez complementares até, também para aqueles temos quantas leituras possíveis forem que procuram explicar suas razões, defendendo suas ideias, muito embora sejam reflexões a respeito dos acontecimentos pontuais, limitando-se ao tempo presente.
          Ora, sobre o ENEM temos uma medida que tenta subsidiar (e olha que os nossos dicionários trazem subsídio como um "socorro") ao que já em primeira mão não está sendo oferecido aos cidadãos, garantia de educação para todos, visto que "todos são iguais perante a lei" (Constituição Federal, 1988), portanto mais do que tão somente o mérito de averiguar se houve corrupção ou não na aplicação das provas, poderia se pensar por que não há vagas no ensino superior (e de qualidade!) para todos, fazendo-nos crer na boa atitude de selecionar os estudantes através de um exame investigativo dos últimos anos de estudo cujo nome de batismo é Ensino Médio.
          Na USP, tem-se o estopim, como em toda grande movimentação com seu momento de deflagação, na prisão de alunos que portavam maconha. Mas, será mesmo que o motivo da revolta dos estudantes provêm desse ato, que para eles é um abuso do poder de polícia (reflexão que também nos rende boas discussões!), ou o descontentamento com as medidas político-administrativas da Universidade tem um fundo de verdade bem mais relevante e remetente a um passado não tão próximo?
          De fato, questionamentos implícitos neste jogo onde só estão à nossa vista nua os fatos que percorrem os veículos midiáticos, porém, não são precisos maiores esforços para percebermos o emaranhado de falcatruas que escondem a raíz desses problemas, entre outros, deficit na educação formal, forjada sobre os escombros nada aceitos do saber popular, oriundo de uma tão má vontade política estrutural (em consolidar segmentos da sociedade brasileira) preocupada com apenas um de seus investidores, a iniciativa privada dos poucos grandes proprietários, esquecendo seus outros financiadores, os impostos pagos pelos muitos pequenos trabalhadores e contribuintes dos cofres públicos.

Ramiro Teixeira.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"12 de outubro, mais um dia de Aparecer..."

          12 de outubro, notadamente feriado nacional por ser dia da padoreira oficial do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. E como toda data de descando tal qual esta, talvez não pela motivação inicial, mas pelo que se segue, supõe-se um tal tempo livre no qual alguns indivíduos ou mesmo em composição de grupos dispõem para relizar diversas atividades.
       Bem, há uma bela discussão quanto às consequências dos feriados nacionais e locais no pais. Uns defendem-nos, apoiados na tese de que os trabalhadores, apenas para citar uma categoria entre as várias existentes na sociedade brasileira, têm uma carga horária de trabalho já bastante alta e merecem, portanto, uma folga extra, além de se tratar de um evento referente aos valores culturais do povo no qual estão consituídos. Os que não corroboram com a ideia da folga extraordinária quando o feriado é em dia útil alegam ser um dia a menos na produção econômica do país, sendo, assim, um atraso para a economia.
         Não entrando no mérito deste debate, embora suscite amplas reflexões, temos a propagação de como alguns vários grupos vivenciaram o feriado. Movimentações, intituladas "Marcha contra corrupção", em cidades brasileiras reivindicavam, entre outras pautas, o fim do voto secreto em algumas eleições entre nossos representantes e a aplicação da ficha limpa. Denunciavam, sobretudo, a prática da corrupção dos nomeadamente políticos, eleitos nas urnas (eletrônicas, não imagine-se, talvez, as práticas da República Velha, eleitores fantasmas, entre outras; atualmente a alienação eleitoral se dá de outras formas, mas o voto está como direito individual, ainda que considere uma idade mínima para tal).
        Para a palavra "corrupção", segundo alguns dicionários, temos quatro possíveis significados: depravação, suborno, alteração e sedução. Descrições que trazem a ideia de mal procedimento diante de um situação cuja atitude esperada é a de promover outras ocasiões favoráveis à maior parte da sociedade ou parcela desta que esteja diretamente envolvida nas consequências das decisões tomadas. Tal alteração se dá a partir da aceitação de um estado de proveito pessoal e da visão de quem a pratica de que usufruir individualmente dos direitos destinados a outrem, privando-o(s), senão totalmente, ao menos em parte, mas ainda assim se trata de desvio do bem alheio, não implicará em retaliação significativa, devido à alta taxa de impunidade recorrente em meio à sociedade.
          Enfim, reclamava-se por uma boa conduta no tratado dos direitos do povo e para o povo, isso é totalmente válido e louvável, porém, uma pequena parcela em favor do todo era quem travava (ou trava) o embate, mas, não por isso é ilegítimo nem posto à total reprovação. Um trabalho em conjunto e, talvez, com maior eficácia e eficiência, seria o próprio povo, a parcela que não escancara da mesma maneira, mesmo no seu espaço micro no qual vive seu social, conhecer os espaços nos quais deve e pode atuar e os meios para assim o fazer, levantar a voz e articular os braços.

Ramiro Teixeira.