segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"...tijolo com tijolo..."

"...tijolo com tijolo num desenho mágico e lógico..."

      Mais uma das frases escritas pelo poeta Chico Buarque de Holanda, extraída da letra "Construção", na qual retrata a visão sobre o cotidiano de um trabalhador simples ao buscar ter o que somente sua própria imaginação lhe concebe numa mistura de ficção e realidade, percepção e distância.
    Quantos de nós não saem pela manhã com infinitos planos e verbos detalhados na música, talhados de desejo, sonho e paixão? Ora, um dos grandes movedores da construção diária é o impulso fomentado pelo movimento dos ânimos guiados pela necessidade de fazer algo "como se fosse a última" chance de fazê-lo. Isso causa um verdadeiro alvoroço dentro daqueles impelidos por essas paixões.
      E onde estaria a graça da vida senão na surpresa causada por cada valor incorporado no nosso dia-a-dia? Os valores adquiridos no cotidiano são o alicerce e as paredes da nossa personalidade, e como um bom construtor, jamais poderá se ter em conta apenas a mágica da vida, mas sobretudo, a relação de solidez traçada pelo "eu" e pela sociedade.
       Pois, para que o tijolo dê forma a uma casa, é preciso que ele se consolide com os outros tijolos ao seu lado, e é imprescindível o papel do cimento. Dessa maneira, pode-se falar em poesia, em mágica, em representações, no entanto, é preciso considerar, e muito, as construções com as quais cada indivíduo contribui para o fazer social.

Ramiro Teixeira.

domingo, 19 de setembro de 2010

"Caminho(s)...!"

     Modernidade: eis uma das correntes cada vez mais articuladas atualmente.
    Longe das discussões históricas sobre o termo, podemos encará-la como algo inerente ao nosso cotidiano, algo extremamente vivo e presente. As novas maneiras de pensar a correria diária sobrevoa a ótica moderna, é um novo sempre surgindo com rapidez de impressionar(tanto aos mais velhos quanto aos mais novos, tanto aos conservadores quantos aos "liberais").
    Essa necessidade de associação entre tempo-espaço diminui em muito as dificuldades, por um lado, das relações interpessoais; comunica-se mais rapidamente com alguém em outro ponto da cidade, por exemplo; questões outrora necessárias de emprego de tempo e burocracia são resolvidas quase que instantaneamente. É a dialética entre a otimização e a pessoalidade tão vigente em nossa conduta diária. Reaproveitamento das horas.
    Essa fluidez( porém, entravada!) permanente no diálogo também fecha espaços para as relações mais intimistas. À geração da net perdeu-se a conotação das escrituras, à mão, de cartas endereçadas à rua tal, número tal etc. Esvaiu-se, em alguns âmbitos da norma de investimento tanto pessoal e profissional, querer encontrar-se em grupo presencialmente. Vê-se muito mais cômodo e menos castigante conversar via sites de relacionamento, embora o ser humano continue dependente de relações de cheiro, de tato e de cores carnais.
Talvez tantos rumos a serem tomados entrem em colapso no imaginário da sociedade.
       Em meio a toda essa parafernália de diagnósticos do dia-a-dia encontra-se a teoria do "pós-moderno", onde a comunidade coletiva reaparece na materialidade do porvir. Esse novo pensamento de adesão comunitária do "dar-as-mãos" ainda não é encarado com a devida proporção(dada pelo escritor Michel Maffesoli, sociólogo francês). No entanto, vê-se que o distanciamento entre as pessoas causa um certo temor, e direcionamento cada vez maior para os outrora diferentes.

Ramiro Teixeira.