sexta-feira, 3 de junho de 2011

"...se não mata, fere..."

     Na última quarta-feira, 01 de junho, houve mais uma passeata dos estudantes da cidade administrada pela então prefeita Micarla Araújo de Sousa Weber.
       A manifestação, ou seja lá qual nome atribuam ao ato de descontentamento com a atuação da gestão política em nossa cidade (se bem que esse descaso não é tão recente assim), ganhou boa repercussão entre os atores políticos mais ativos na sociedade, salvo alguns poucos que souberam do ocorrido pelas mais variadas fontes (televisivas, rádio, internet, amigos ou mesmo que viram a multidão paralisando algumas avenidas da Natal).
    Curiosas são as opiniões de alguns daqueles não participantes da ação, despertando minha reflexão: ao voltar para casa depois da passeata, ouvi uns comentários sobre o acontecido. Ora, um rapaz conversando com um amigo sobre seu trabalho, falando como estava sendo explorado por seus patrão. O tal rapaz é um vendedor, não sei em qual loja, universitário de uma instituição privada.
      No seu relato dizia que a imposição da empresa na qual estava trabalhando era ele vender produtos totalizando R$ 30.000(trinta mil reais) ao fim do mês, ou seja mais de R$ 2.000(dois mil) por dia, pois, contando com suas folgas semanais, ele não labuta todos os dias no mês, e tem que compensar o não-vendido com vendas adicionais nos dias trabalhados, caso contrário seria demitido; já na sua faculdade, relatava professores totalmente apáticos quanto ao ensino em sala de aula. Não entrando no mérito de cada discussão nem na ação valorativa do mercado privado, mas o tal rapaz juntamente com seu amigo chegou a dizer: 

"ainda por cima numa hora dessas o trânsito engarrafado por causa desse povo que não tem o que fazer e vai protestar, como se fosse tirar Micarla do poder".

     Me pergunto, se não for pela conscientização política levada à população, reivindicando por seus direitos, pois se há protesto, subentende-se, algumas medidas gestoras nas políticas(públicas) não estão suficientes nem cumprido com a palavra lançada em campanha eleitoral, qual será o modo pelo qual se chegará a uma equidade política e social? Pois, ao pensar que ficar resmungando e atendendo aos R$ 30.000 ou R$ 60.000 do patrão e suportando o descaso com a educação resolverá tal situação ou pelo menos assegurando o seu "pé-de-meia", creia que haverá outra maneira de você ser mais explorado frente a novas situações individuais erroneamente encaradas como subir na vida após um diploma universitário ou com um salário para pagar a prestação de um carro financiado em 36, 48 ou 50 meses.
      Infelizmente, o sistema político implantado atualmente tirou os principais valores sociais de direitos para a população, deixando-a vendada e a mercer de princípios capitais de exploração, nos quais só nos restaria acatar ordens dos proprietários do mercado e esperar pela próxima eleição.
Muito mais que criticar quem está lutando pela melhoria do sistema político e social da cidade, como se nada pudesse mudar, seria mais salutar refletir sobre como está sendo de fato gerenciada sua cidade.
     E pior, pessoas conhecedoras da luta dos estudantes e universitários também estão deturpando a identidade dos contestadores com predicados deturpadores.
Se não conseguimos tirar o mal gestor do poder, ao menos sua gestão será marcada pela exposição da insatisfação do povo, cada vez mais com oportunidades de serem conscientizados.

Ramiro Teixeira.

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