sábado, 16 de abril de 2011

"Identidade nas descrições..."

     Segundo tantas teorias na área das ciências humanas e sociais procurando responder a questionamentos referentes à identidade individual do ser humano, temos uma gama de ideias sobre aquilo pensado pelo homem sobre ele mesmo. Um desses conceitos está presente em um conjunto de textos chamado "Meditações", do filósofo René Descartes, no qual o pensador trata da "distinção real entre a alma e corpo do homem"; outro conceito, ainda, está posto nos estudos desenvolvidos pela Antropologia, com Radcliffe-Brow, ao lançar a ideia de que um ser humano vivendo em sociedade é indivíduo, um ser fisio-biológico; e, também, uma pessoa, a saber, uma complexidade vivida nos relacionamentos sociais, adquiridos durante toda sua vida.
      Ora, nestes últimos 15 ou 20 anos, a Internet vem proporcionando um tipo de ligação virtual nos sites de relacionamento, entre muitos dos quais conhecemos. Uma das primeiras informações propostas ou exigidas no cadastro nessas páginas da rede mundial é a descrição do "Quem sou eu", no qual as pessoas expõem aquilo de interessante sobre elas: atividades as quais realizam, trabalhos, estudos, áreas de interesses; preferências musicais, literárias; relações mantidas de amizade e amorosas; perspectivas. Enfim, uma série de enumerações da sua vida cotidiana, muito embora, tratando-se de um campo virtual, possa-se encontrar muitas informações não coerentes com a realidade do indivíduo, mas um suposto modelo de ideal o qual o cidadão gostaria de manter como verdade.
      Bem, por mais influente, imediata, necessária, eficaz, que parece a utilização da Internet como suporte para relações de todos os tipos entre as pessoas, não podemos nos restringir a essa novíssima tecnologia virtual, e cada vez mais modernizada, para construção da nossa identidade(claramente também não nos é saudável, a todo instante, prendermo-nos na nostalgia do passado).
      Adaptáveis como somos, os seres humanos, construímos nossa vida social a partir de interações interpessoais, no entanto, e não negando a contribuição das redes sociais muito menos fechando os olhos para as suas possíveis implicações negativas, minha aposta e crença se moldam na perspectiva das ligações de uns com os outros como ação, e não apenas como possibilidades virtuais. E aqui me recordo de uma propaganda de um produto cosmético: "toda rotina tem a sua beleza". Cabe-nos reecontrar o prazer da convivência real entre as pessoas.

Ramiro Teixeira.

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