segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Ritmo e cadência..."

      Nos últimos suspiros do ano, o qual deixamos para trás (2010), pude observar certas semelhanças entre as frases pronunciadas por tantas pessoas, as quais se dão ao luxo de serem ouvidas (posso afirmar, também com toda certeza: as silenciadas e silenciosas também têm algo a nos dizer e ensinar!).
        Expressões do tipo "rapaz, o ano passou muito rápido", "2011 será mais rápido ainda", entre outras. Porém, o mais surpreendente para mim foi a singularidade com a qual as pessoas projetavam seu ano vindouro. Entre pedidos para alheios e para si mesmos estavam os de sempre: saúde, paz, coragem, felicidade, amor e amizade; e como norte para ponto de partida da mudança estão a segunda-feira, início de mês e as datas comemorativas, principalmente quando forem feriados.
      Dessa forma, podemos comportar (se assim pudermos conjugar esse verbo, não pondo limites ao dia-a-dia, mas responsabilizando a nós mesmos pelo transcorrer da vida) os acontecimentos nos oferecidos ao longo do nosso caminho como genericamente os mesmos, embora sejamos surpreendidos a todo instante. A surpresa tomadora do nosso aconchego é gerada não pelo fato em si, mas pelas pessoas ao nosso redor, pelo caráter de qualidades atribuídas às peças da vida.
         É a maneira como encaramos o cotidiano que ritma os dias. 
     Experimentos tomar uma letra musical. Músicos distintos farão melodias diferentes com a mesma letra, uns modificarão uma ou outra palavra, suprimirão, acrescentarão. É a sua subjetividade dando vida a letras postas e presenteadas (como uma matéria-prima para ser transformada em obra-irmã!).
Ritmo é a relação dos fatos posta em repetição de forma a cadenciá-los em agradáveis momentos pessoais e coletivos.
      Assim, ritmo e cadência são, juntos, a melodia impressa por nós em cada letra nos apresentada (os acontecimentos!), são o equilíbrio a objetivar a harmonia do ser humano em seu tratado de desenvolvimento intelectual e social. A tradição cristã nos diz que Jesus Cristo, aos 12 anos, em festa de comemoração do povo judeu, foi encontrado por sua mãe, Maria, no templo de Jerusalém com os sacerdotes. Ao fim desta passagem, a Bíblia diz: "e Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça". Ele tinha o equilíbrio de seus dons. O mesmo acontecimento para todo o povo judeu teve singularidade para um único, o menino Jesus, ele utilizou-se de sua subjetividade para dar melodia ao que lhe foi proporcionado, a visita ao templo de Jerusalém.
     Também nós podemos cadenciar, compassar os movimentos, ritmá-los, torná-los agradáveis, acordá-los com a nossa realidade. Teremos árduo trabalho, é a supressão de algo, é o acréscimo para o crescimento, a modificação dia após dia, retalhos, reerguimento, construção, equilíbrio, cadência!
       Podemos tomar a nosso favor o estranho, o inesperado. Transformá-los em dádiva!

Ramiro Teixeira.

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