quarta-feira, 14 de março de 2012

"Serviços: públicos ou privados?..."

        Em mais uma dessas conversas que escutamos nas ruas, hoje me deparei com um comentário sobre tal argumentação:

"a solução é o serviço terceirizado, o serviço público não funciona direito"

         Este foi um comentário a respeito do serviço de coleta de lixo na cidade do Natal. Segundo o cidadão que o proferiu, os servidores municipais que trabalhavam na limpeza das ruas natalinas não cumpriam com suas obrigações, e o natalense em questão ordenava este não cumprimento, entre outros fatores, à preguiça dos funcionários públicos (municipais), alegando, portanto, a ineficiência do serviço estatal.
      Dessa maneira, enaltecendo com todo louvor o desempenho dos funcionários das empresas privadas, estas sim cumprindo seu papel profissional, o tal cidadão creditava a boa paisagem, agora limpa da rua onde mora, ao competente profissionalismo do poderio privado, e, claro está a sua opção entre as duas administrações dos espaços públicos, as ruas de Natal, e não menos, de todos os serviços de obrigação da Prefeitura e do Estado potiguar (educação, saúde, lazer etc.)

          Porém, acho que aqui é oportuno uma ressalva. 

         Será que é lícito o pagamento de impostos para serem revertidos em bens públicos, e quando assim não acontecer, simplesmente abdicarmos do nosso direito (o de termos bons serviços públicos) e esquecermos os deveres do poder do estado como um todo, partindo para a solução mais cômoda, a delegação da obrigação pública a mãos privadas?
    Será que nesse pagamento às empresas terceirizadas não há uma sepervalorização de tal serviço e, assim, um superpagamento, uma superfaturação?
        Será mesmo que "fecharmos os olhos" para as deficiências estatais em suas obrigações não nos custará um valor muito mais alto futuramente?
       Ou reivindicarmos no presente o cumprimento dos deveres estatais, sem a mão (grande) de terceiros, é um exercício tão desgastante a ponto de preferirmos o conformismo privado?

Ramiro Teixeira.

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