sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Cenas..."

"[...]como se as palavras tivessem guardado seu sentido, os desejos sua direção, as ideias sua lógica; como se esse mundo de coisas ditas e queridas não tivesse conhecido invasões, lutas, rapinas, disfarces, astúcias. Daí, (...), um indispensável demorar-se: marcar a singularidade dos acontecimentos, longe de toda finalidade monótona; espreitá-los lá onde menos se os esperava e naquilo que é tido como não possuindo história-os sentimentos, o amor, a consciência, os instintos; apreender seu retorno não para traçar a curva lenta de uma evolução, mas para reencontrar as diferentes cenas onde eles desempenharam papeis distintos[...]"
(Microfísica do poder; capítulo II, página 15: Nietzsche, A Genealogia e a Historia; Michel Foucault)

     E a vida, dessa maneira, segue em diversos aspectos para as pessoas, nem todos têm o mesmo olhar minucioso ou genérico sobre aquilo ao seu redor. Então, umas encaram-na como um fardo, uma monotonia; enquanto outras com caráter de mutabilidade. Fica-se nesse "jogo" de continuidade e descontinuidade do já estabelecido. Aparecem, assim, os conservadores e os adeptos do "novo".
Ora, quanto é duro e mortificador "abandonar" as crenças. A todo instante elas impelem seus seguidores em suas atitudes, sobretudo em relação a novidades. Essas causam uma certa repulsa e desvelam um tal pudor.

Ramiro Teixeira.

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